Todo mundo sabe que o design é uma das grandes forças por trás de marcas, edifícios e interfaces que usamos no nosso dia a dia. Mas não são muitos que entendem como isso tudo acontece. Acredito que foi pensando nisso dai que a Netflix acabou produzindo a série Abstract: The Art of Design.
Na sexta feira de feriado de Páscoa, eu resolvi começar a assistir os seis episódios da série Abstract: The Art of Design e eu não sei ainda como explicar para você como que eu me sinto em relação a essa série. Alguns episódios me causaram um tédio fora do comum enquanto outros, me lembraram palestras que já acompanhei anteriormente, seja online ou presencialmente. O que é uma pena já que, no documentário, podemos acompanhar designers como Paula Scher, Tinker Hatfield, Bjarke Ingels, entre outros.
Acredito que meu maior problema com Abstract: The Art of Design é o título da série em si. O fato da série receber o nome de abstrato é quase uma ofensa ao que um designer faz. Abstrato serve bem para descrever o trabalho de um artista como Jackson Pollock e Kandinsky mas não tem nada a ver com o trabalho de um designer. Afinal, o trabalho de um designer não tem nada de abstrato.
O trabalho de um designer é cheio de objetivos e descrições precisas como orçamentos, medidas, prazos e muitos outros detalhes. Não existe nada de abstrato na forma com a qual um designer trabalha. Mesmo quando se trata de criatividade, um designer trabalha com ela de forma direta e objetiva. Utilizando de sua criatividade para materializar ideias de forma elegante com a finalidade de solucionar problemas da melhor forma possível.
Mas não é isso que é mostrado em Abstract: The Art of Design do Netflix. Nessa série, o trabalho de um designer é quase que comparado com arte o que, para mim, me soa como uma forma preguiçosa de explicar uma profissão. Além de ser forma preguiçosa, é uma forma romântica de explicar um trabalho e é um mito bem datado. Tanto que eu acabei gostando mais dos momentos onde os entrevistados refutam essa visão romântica do qualquer outro momento na série.
Além dessa visão datada do que é o trabalho de um designer, a série Abstract: The Art of Design parece querer hipnotizar o público com o visual da filmagem. O que, muitas vezes, parece distrair o público do que está acontecendo e como a história de cada um dos profissionais está sendo contada. Isso acontece muito no primeiro episódio, onde o ilustrador alemão Christoph Niemann interage com seus desenhos de uma forma que parece um comercial da Apple e não um documentário sobre design.
Algumas outras vezes, ele interage com uma imagem duplicada de si mesmo. Algo que me soou desnecessário e fantasioso. Algumas vezes, esses elementos me tiram o foco do que é a série. Seria esse um documentário sério sobre design? Seria esse um infomercial? Esse é um vídeo promocional sobre o designer? Que que eu estou vendo aqui? Eu realmente não entendi o motivo para essas firulas visuais.
Concluindo de uma forma ou de outra, a série Abstract: The Art of Design do Netflix mostra designers de uma forma artística demais para mim. Algo que me soou datado e preguiçoso mas pode ser bem interessante para quem não conhece design direito e quer ter uma visão superficial de toda uma profissão. Pode ser interessante para muitas pessoas mas alguns designers vão enxergar os mesmos problemas que eu vejo. Assista e tire suas próprias conclusões.
Abstract: The Art of Design é um documentário sobre Design no Netflix
Se você gostou do que viu aqui, você deveria seguir o blog no twitter, acompanhar nosso tumblr ou seguir a revista digital do Pristina.org no Flipboard. Além disso, ainda temos nossa newsletter quase semanal.
